Toda eleição tem suas particularidades, dinâmicas e efervescências. Tomar as dores, alegrar-se e vibrar com seus candidatos fazem parte do cenário festivo. Típicas torcidas em estádio de futebol.
Na última quinta-feira assistimos na TCM o debate entre os postulantes a prefeito do nosso município. Com certeza teve uma boa audiência e quem não assistiu pode ver os flashbacks dos melhores momentos nas redes sociais.
Foi neste debate que a prefeita Rosalba Ciarlini, diante de uma pergunta séria do seu oponente mais direto, o deputado estadual Alysson Bezerra, sobre o desvio dos 12 milhões de reais das obras do Hospital da Mulher, tentou ironizar não só a situação que levou ao bloqueio de seus bens – como informou na época, quando ainda era governadora do RN, matéria do Mossoró Hoje (veja nesse link https://mossorohoje.com.br/…/7882-justica-bloqueia-bens…) -, mas também achincalhar o próprio candidato, tachando-o de “pobrezinho”. Disse a Doutora Rosalba: “cadê esses 12 milhões? Eu gostaria de dar esse dinheiro todo ao senhor, que o senhor é tão pobrezinho, que eu poderia lhe ajudar”. Estamos falando de 12 milhões de reais que, segundo o MP, foram desviados e a candidata fica no campo das ironias. O suposto crime acontecera em sua gestão e levou ao bloqueio de bens de mais dezesseis pessoas, além do dela.
Diante do que chamou de preconceito da oligarquia, o candidato Alysson aproveitou o mote dado por Rosalba e colocou na rua a música “Menino Pobrezinho”, uma animação a mais na campanha. Contra-atacando, o marketing da candidata a reeleição lançou um sambinha. Eis a letra: “É melhor não arriscar, trocar o certo pelo duvidoso. Eleição não é carnaval. Prefeitura não é brincadeira. Tem muito oba-oba, muito cara de pau”.
Interessante que a letra revela o “samba de uma nota só” da gestão Rosalba Ciarlini, que quer emplacar seu quinto mandato no Executivo local: promessas não cumpridas, como por exemplo o aplicativo para a marcação de consultas e a reabertura da Porcelanatti. Antes, Rosalba já havia prometido e não cumprido construir um novo Nogueirão. Porém, o principal problema da gestão Rosalba foi parar tudo por dois anos – parar inclusive serviços essenciais -, deixar a questão virar um caos para depois dizer que era culpa do gestor passado e nos 12 meses seguintes “arrumar” o que pode e afirmar que aquilo é de sua gestão.
E mais: Rosalba parou todas as obras que estavam em andamento, inclusive de postos de saúde, creches até a ponte de acesso ao Papoco; passou 14 meses sem fazer manutenção (veja bem não é reforma, é manutenção, limpeza e etc) nas praças do Centro de Mossoró, como a Vigário Antônio Joaquim, a Rodolfo Fernandes, a Bento Praxedes. Ao final dos 14 meses, estas praças estavam deploráveis. As UPAs dispunham de quatro médicos e ela deixou só um. Teve protestos e ela deixou dois; desativou totalmente o serviço maravilhoso de ortopedia na UPA do BH; parou de contratar cirurgia eletiva por onze meses em 2017, deixando uma fila gigantesca de ortopedia; não fez manutenção nas estradas de acesso para a zona rural, sendo necessários protestos para se ter o mínimo; suspendeu também as obras de reforma e construção de escolas (na Escola da Alagoinha faltavam só uns pequenos detalhes e mesmo assim ela não concluiu, sendo necessários mais protestos dos moradores na Secretaria de Educação).
Por fim, a prefeitura de Mossoró interrompeu a distribuição de insulinas e quando voltou a distribuir foi de forma irregular.
Então, que “certo” é esse numa gestão tão duvidosa? Se eu fosse do marketing da candidata Rosalba não espalhava esse samba tão desafinado. Cara de pau de quem fez isso…
Emerson Linhares é radialista e bacharel em Direito